Além dos prejuízos nos afazeres diários de uma pessoa, o estrabismo tem um impacto emocional muito relevante. Conforme a médica oftalmologista Dra. Selma Miyazaki, diretora técnica do Hospital de Olhos de Cascavel, é comum receber, nos consultórios, muitas pessoas com estrabismo, inclusive adultos, que chegam com um trauma que carregam a vida toda e que não sabiam que poderiam corrigir essa condição. Ou seja, boa parte dos casos de estrabismo pode ser 100% reversível.
A Dra. Selma explica que há diferentes tipos de estrabismo e que nem todos os casos são perceptíveis. Há condições em que apenas o oftalmologista consegue identificar em exames laboratoriais. Por isso, a importância de realizar exames periódicos preventivos, especialmente nos primeiros anos de vida.
A boa notícia é que os tratamentos vêm sendo aprimorados ano após ano, e hoje já estão disponíveis diferentes técnicas, que vão desde o tampão até a cirurgia, indicados para cada tipo de condição.
Confira, a seguir, mais sobre esse assunto tão importante.
Tipos de estrabismo
Mas o que é estrabismo? Essa é uma condição ocular caracterizada pelo desalinhamento dos olhos. Ou seja: enquanto um olho olha diretamente para um objeto, o outro pode estar desviado para dentro, para fora, para cima ou para baixo. E isso pode ocorrer de forma contínua ou intermitente e afeta tanto crianças quanto adultos.
Existem diferentes tipos de estrabismo.
Estrabismo convergente (esotropia): Quando um dos olhos se desvia para dentro.
Estrabismo divergente (exotropia): Quando um dos olhos se desvia para fora.
Hiperotropia: O olho se desvia para cima.
Hipotropia: O olho se desvia para baixo.
Causas do estrabismo
As causas do estrabismo variam e podem ser congênitas ou adquiridas. Entre as principais estão:
Fatores genéticos: História familiar de estrabismo.
Condições neurológicas: Lesões cerebrais ou condições como paralisia cerebral.
Erros refrativos: Miopia, hipermetropia ou astigmatismo não corrigidos.
Traumas: Lesões nos olhos ou na cabeça.
Outras condições: Doenças como diabetes e hipertireoidismo também podem estar associadas ao estrabismo.
Tratamentos disponíveis
Os tratamentos para o estrabismo são variados e devem ser adaptados às necessidades individuais de cada paciente. Os principais incluem:
Tampão ocular: Indicado principalmente para crianças, o tampão é utilizado para forçar o uso do olho mais fraco (ou “preguiçoso”), ajudando a fortalecer a visão desse olho e a melhorar a coordenação.
Óculos ou lentes corretivas: Podem corrigir erros refrativos subjacentes que contribuem para o estrabismo.
Exercícios ortópticos: Realizados sob orientação de profissionais, ajudam a fortalecer os músculos oculares e a melhorar o alinhamento.
Injeções de toxina botulínica (Botox): Utilizadas em alguns casos para enfraquecer temporariamente os músculos oculares e facilitar o alinhamento dos olhos.
Cirurgia ocular: Indicada quando os tratamentos conservadores não são eficazes. A cirurgia ajusta o comprimento ou a posição dos músculos que controlam o movimento ocular, buscando um alinhamento mais preciso.
A oftalmologista Dra. Selma acrescenta que é possível adotar uma técnica isolada e, ainda, combinar tratamentos para um resultado mais eficaz, conforme a avaliação do especialista. “Há casos em que o tratamento vai combinar as técnicas de oclusão, óculos e cirurgia”, exemplifica.
Importância dos exames preventivos
Os exames oftalmológicos nos primeiros anos de vida são fundamentais para identificar e tratar o estrabismo precocemente. O diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de sucesso no tratamento e previne complicações como a ambliopia (“olho preguiçoso”).
“É importante fazer exames preventivos logo nos primeiros anos de vida para identificar eventuais estrabismos, não perceptíveis, e já iniciar o tratamento correto”, reforça a Dra. Selma.
Os pediatras e os oftalmologistas recomendam que as crianças realizem exames de rotina a partir dos seis meses de idade e, posteriormente, aos dois anos.
Impactos psicológicos e sociais
O estrabismo pode ter um impacto profundo na autoestima e na qualidade de vida das pessoas. Crianças e adultos com estrabismo muitas vezes enfrentam discriminação, bullying e dificuldades de integração social.
Além disso, o desalinhamento ocular pode prejudicar tarefas diárias como leitura, direção e esportes, interferindo na independência e no desempenho profissional.
O apoio psicológico e a conscientização são essenciais para ajudar os pacientes a lidarem com as dificuldades emocionais e sociais vinculadas ao estrabismo. Campanhas educativas também desempenham um papel importante na redução do estigma relacionado à condição.
O estrabismo é uma condição tratável, mas exige uma abordagem multidisciplinar que inclua profissionais de saúde, familiares e a própria pessoa afetada.
A realização de exames preventivos, a escolha do tratamento adequado e o suporte emocional são pilares fundamentais para minimizar os impactos do estrabismo e promover uma vida plena e saudável.